FOB | CONTRA A INVASÃO DE ISRAEL, DEFENDER A VIDA DOS POVOS DA PALESTINA!

Fonte: lutafob.org

Comunicado Nacional da FOB, 14 de outubro de 2023
Desde sábado, 7 de outubro de 2023, temos testemunhado com revolta e apreensão uma escalada brutal dos ataques do Estado de Israel ao povo palestino na Faixa Gaza.

Rompendo o cerco do genocídio palestino: Tempestade de Al-Aqsa
Desde 2005, o Estado de Israel converteu a Faixa de Gaza em uma verdadeira prisão ao céu aberto, impondo o terror e a morte aos palestinos. Nesses quase 20 anos de isolamento de Gaza, a extrema-direita israelense, sob a liderança de Benjamin Netanyahu, tem promovido uma guerra e extermínio.
Como resposta ao genocídio do povo palestino, o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) promoveu operações de resistência armada: “Tempestade de Al Aqsa”. A operação ousada teve lançamento de mísseis, derrubada da grade que aprisiona o povo de gaza e uma forte força da juventude que retomava as terras roubadas de seus ancestrais.
Segundo a própria ONU, antes da Operação Tempestade de Al-Aqsa, as forças israelenses mataram mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram civis – e feriram 6.307.
A ação do Hamas surge no contexto de uma série de ações de Israel nos últimos meses, além de 75 anos de ocupação, e 16 anos de embargo apertado de Gaza. Desde 1947/1948 o movimento sionista que deu origem ao atual Estado de Israel invadiu, matou e desalojou milhares de palestinos, sejam judeus, muçulmanos ou cristãos. Em 1948 foram mais de 750 mil palestinos entre muçulmanos e Cristãos desalojados, com 531 cidades palestinas destruídas e 15 mil mortos. Desde então, o colonialismo do Estado de Israel criou um regime de apartheid e um processo de extermínio do povo palestino. A data é chamada de Nakba pelos palestinos (ou “a catástrofe”, em português).

Espada de Ferro: Retaliação cruel de Israel
A reação do Estado de Israel, sob a Operação Espada de Ferro, foi o aumento brutal dos bombardeios contra o povo da Faixa Gaza e o cerco total sobre a região, cortando luz, água, remédio e alimentos. O prelúdio de um genocídio sem precedentes.
Israel também reduziu direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados israelenses mataram um manifestante e feriram outros. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da resistência palestina Marwan Barghouti.
Em julho passado Israel invadiu Jenin, um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um grupo de colonos israelenses fez uma chacina no povoado palestino de Huwara que foi não só acobertado, como apoiado pelo Estado. Além disso, durante o ramadã as forças policiais israelenses reprimiram a população palestina em da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã.

Sistema Capitalista Interestatal
Foi o sistema interestatal capitalista, através do movimento sionista e da ONU que criaram a força de ocupação colonial de Israel. É esse sistema de estados capitalistas que fazem com que as trabalhadoras e trabalhadores, os povos de cada parte do mundo percam suas vidas, casas, terras, pessoas queridas, escolas e hospitais.
A população de Gaza está um verdadeiro campo de concentração, um gueto criado pelo intolerável apartheid praticado pelo Estado de Israel que impõe sofrimento a homens, mulheres, idosos e crianças. O Estado de Israel, além da sua máquina de terror e complacência da ONU e do sistema interestatal capitalista, usou de cinismo para dizer que está avisando aonde as bombas estão caindo dentro do campo de concentração. O objetivo está declarado tanto pelo primeiro-ministro quanto pelo ministro da defesa: aniquilar o povo de Gaza e toma o território.
O povo é só mais uma peça no tabuleiro dos Estados. As enriquecidas dinastias árabes já estavam normalizando suas relações com Israel, como as recentes reuniões com a Monarquia Teocrática dos Saud na Arábia Saudita mediada pelos Estados Unidos. Como canta a torcida marroquina do time de futebol Raja Casablanca:

“Oh, aquela Palestina
O coração está triste por ti já fazem alguns anos
Os olhos lacrimejam
Minha amada Palestina
Onde estão os árabes?
Eles estão dormindo!
O país mais bonito resiste”.
Canção da torcida marroquina do time de futebol Raja Casablanca

A solidariedade seletiva à luta palestina de Estados como a Turquia e o Irã devem ser vistos com criticidade. Pois são estes mesmos estados que oprimem violentamente outros povos como os Curdos em sua luta por libertação. No fim, são interesses táticos nos planos de dominação dos Estados.

Sindicalismo Autônomo e Internacionalista: Posição da CNT reforçada pela FOB
A FOB reforça o posicionamento da CNT da Espanha, federada à CIT. Destacamos seus principais pontos:

– Rejeitamos profundamente a política de apartheid exercida pelo Estado de Israel, porque é uma violação grosseira dos direitos humanos e um crime contra a classe trabalhadoras e os povos de todo o mundo.
– Abominamos a hipocrisia com que esses sistemas e práticas são condenados ou justificados, dependendo de onde são aplicados.
– Incentivamos, como trabalhadores de comunicação, a denunciar a evasão da mídia em reconhecer atos cruéis ou desumanos no contexto de um regime institucionalizado de dominação sistemática com a intenção de se manter.
– Identificamos esse apartheid pelo que ele é: um sistema de tratamento discriminatório prolongado e cruel de membros de um grupo por membros de outro, com a intenção de controlá-los.
– Somos solidários com as pessoas que estão tentando levar sua existência nessa parte do mundo, independentemente de sua origem, porque todos os seres humanos têm direitos iguais.
– Condenamos qualquer ataque a civis, independentemente de seu status, nação ou religião, e defendemos a abolição de fronteiras, muros, cercas e arame farpado, bem como o direito de retorno dos refugiados.
– Excluímos a ideia de mais estatismo como saída: dois Estados não são a solução.
– Repudiamos qualquer forma de racismo, islamofobia ou antissemitismo, mas também o militarismo e o nacionalismo, aspectos instrumentais do capitalismo e distrações genuínas da luta de classes.
Consideramos a desobediência civil como um direito, pois nenhum ser humano deve ser forçado a pegar em armas, fabricá-las ou traficá-las.”

Saída classista e internacionalista para a violência colonial e capitalista!
Na FOB acreditamos que o internacionalismo e a solidariedade entre os diferentes povos e a classe trabalhadora e sua diversidade étnica-racial e sexual, é a única saída viável para o sofrimento dos povos. A impunidade generalizada por muito tempo fez explodir as ações do último sábado.
Para a classe trabalhadora e os povos em geral a saída por mais Estado não é a solução. Devemos combater o capitalismo que não tem fronteira, defender o direito a autodefesa e a resistência contra o militarismo. Os povos de Rojava, principalmente a guerrilha socialista libertária de mulheres Curdas, curdos, armênios, cristãos e azeris mostraram que se pode derrotas forças reacionárias, como o Estado Islâmico, sem torturar, executar inocentes ou colocar todo um povo em um campo de concentração

Nesse sentido, a FOB conclama os trabalhadores e trabalhadoras e suas organizações a construírem uma Greve Geral Internacional contra a invasão de Israel.
Palestina Livre!

1° DE MAIO! FOB E FORA NESTE DIA INTERNACIONAL DE PROTESTO

Fonte: lutafob.org

O 1º de Maio é uma data de grande importância para o movimento operário internacional, tanto pela sua história como pelo seu presente. É uma data para comemorar os camaradas que foram assassinados em Chicago pela reivindicação digna de 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e 8 horas de sono. Uma exigência motivada pela convicção de que o sistema capitalista não podia continuar a aumentar os seus lucros à custa da exploração dos trabalhadores.
Hoje temos novos problemas a enfrentar enquanto classe trabalhadora, mas continuamos a defender o ideal emancipatório promulgado por esses trabalhadores de Chicago e recusamo-nos a acreditar que esta batalha terminou.
Defendemos o carácter internacional desta luta, porque, tal como os capitalistas e a sua exploração não têm limites no que diz respeito às fronteiras políticas que dividem o mundo, também a solidariedade internacional entre os trabalhadores não deve ter limites, pois é a ferramenta que nos permitirá emanciparmo-nos deste sistema econômico baseado na exploração da nossa força de trabalho.

ARGENTINA

Na Argentina, a realidade em que vivemos vai de mal a pior e não tem perspectivas de melhoras para o futuro. O que está atualmente na boca de todos os trabalhadores é a perda de poder de compra que estão sofrendo, principalmente devido à inflação galopante. Embora todos os anos haja atualizações salariais, há 10 anos que as negociações não conseguem recuperar o poder de compra perdido devido à inflação. Obviamente, esta situação não se alterou nos últimos anos de governo “popular”. Diante desta situação, surge a proposta de colocar em pauta uma agenda aberta de negociações abertas, onde a atualização salarial seja negociada mês a mês de acordo com o grau de inflação, pois o resultado desta situação é que 29% dos trabalhadores estão na miséria.
Este golpe nos salários é acompanhado por um forte aumento do preço dos alimentos, dos serviços como os transportes, bem como dos preços dos serviços básicos como o gás, a eletricidade e a água. Esta situação está levando muitos a recorrer à procura de um segundo rendimento, como os empregos precários mediados por novas aplicativos de entrega e transporte, perdendo assim o tempo de lazer e descanso que deu origem à exigência de 8 horas de trabalho.
As formas como a precariedade se materializa no local de trabalho podem ser vistas nos contratos temporários, onde a renovação ou perda do emprego é uma incerteza; nas empresas terceirizadas, que são geridas com más condições de trabalho; nos horários flexíveis, que prendem o trabalhador às necessidades da empresa, impedindo-o de poder planear a sua vida; no fato de estar fora do acordo coletivo de trabalho; nas exigências do monotributo, que é utilizado por muitas empresas como método para todas as contribuições, bem como nos seus direitos de estar fora da sua responsabilidade. Estas são algumas das formas que nos foram impostas durante anos.
Finalmente, a forma mais explícita de precariedade é o forte crescimento do trabalho não registado, em que os trabalhadores ficam de fora de todos os ganhos laborais que obtiveram. Estima-se que 45% dos trabalhadores estejam nesta situação. Este é um alerta para as organizações de trabalhadores de como as conquistas que tinham sido obtidas para o conjunto dos trabalhadores estão sendo corroídas. Estas más condições que nos são dadas estão a piorando de dia a dia, habituando-nos cada vez mais a ser uma mão-de-obra descartável. Neste contexto econômico é que a nossa federação procura construir uma ferramenta sindical para todos os trabalhadores, onde possamos enfrentar as condições que o patronato e as grandes empresas capitalistas nos querem impor. Defendemos uma perspectiva federalista, horizontal e de ação direta como estratégias de organização e luta, e o finalismo ideológico do comunismo anárquico como guia para a construção de uma sociedade sem exploração.

BRASIL

As condições da classe trabalhadora no Brasil continuam péssimas, especialmente para as trabalhadoras negras. Muitas delas trabalham em serviços domésticos e de cuidados. A maioria dos trabalhadores brasileiros está no mercado informal, sem contrato de trabalho e quase sem direitos trabalhistas. São 44% da população ativa que estão na economia popular e de subsistência. São 35,9 milhões de brasileiros empregados com todas as garantias trabalhistas que asseguram o emprego com carteira de trabalho assinada no país. Além disso, mais de 70% dos trabalhadores recebem um salário mínimo de 260 dólares. O governo Temer (2016-2018) fez uma reforma trabalhista que piorou ainda mais os contratos, beneficiando os patrões, e o atual governo do Partido dos Trabalhadores (PT) não tentará revertê-la. No Brasil existem hoje 1,5 milhão de trabalhadores de App.
As condições de miséria e violência estão aumentando nas favelas, periferias e no campo brasileiro. O agronegócio e a mineração no país avançam sobre o cerrado e a Amazônia, destruindo a biodiversidade e o território de povos camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas. A violência para tomar essas terras é realizada de forma legal e ilegal, sempre com a coexistência do Estado. Em 2022, foram 47 assassinatos, 123 tentativas de assassinato e 1065 feridos e feridas no campo brasileiro.
Nas favelas e na periferia, a violência da polícia, dos grupos paramilitares e das facções criminosas que assassina a juventude negra e trabalhadora brasileira. Os últimos dados oficiais, de 2019, são de 50 mil homicídios no país, 51,3% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos. Os negros representaram 77% das vítimas de homicídios. Também foram registrados mais de 3.737 casos de violência contra a mulher, sendo 66% de mulheres negras. O Brasil é o país com o maior número de assassinatos da população LGBTI+, com 276 homicídios (92% do total) e 24 suicídios (8%) no ano passado. Neste contexto econômico e social é que a nossa federação procura construir uma ferramenta sindical para todos as trabalhadoras e trabalhadores, onde possamos enfrentar as condições que o patronato e as grandes empresas capitalistas nos querem impor. A FOB defende uma perspectiva federalista, baseada no apoio mútuo e na ação direta como estratégias de organização e luta, e defende o Sindicalismo Revolucionário como guia para a construção de uma sociedade sem exploração.
Tanto no Brasil como na Argentina, a liberdade de associação é limitada. O Estado controla as atividades sindicais e determina como os trabalhadores se devem organizar. É por isso que a FORA e as suas organizações levam a reivindicação histórica da livre associação dos trabalhadores, que é partilhada com a FOB, bem como a luta contra este sindicalismo hierárquico e estatal. Concordamos com a necessidade de mudar as atuais estruturas sindicais e de pôr fim a esta legislação autoritária.

Viva os que lutam!
Viva a FORA!
Viva a FOB!