CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO: REVISTA TSA N. 06

É com prazer que convidamos a todas e todos para colaboração na sexta edição da Revista Terra sem Amos (ISSN: 2675-3650 online | 2675-3642 impressa), com o tema “Ideias para desbolsonarizar o Brasil”, que reúne ideias de grupos e organizações autônomas, assim como individualidades para pensar coletivamente as formas de expurgar a ideologia bolsonarista do Brasil. As normas podem ser consultadas neste link.

Limite para envio de trabalhos: 06 de janeiro de 2023
Data de lançamento: 23 de janeiro de 2023

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO: REVISTA TSA N. 04

É com prazer que convidamos a todas e todos para colaboração na quarta edição da Revista Terra sem Amos (ISSN: 2675-3650 online | 2675-3642 impressa), com o tema “Movimento estudantil, autonomia e ação direta“. Nossa intenção com esta nova edição é criar uma rede de debates sobre a luta autônoma do movimento estudantil em diferentes geografias e calendários, traçando histórias de luta, estratégias de combate e possibilidades de transformação que escapam dos muros escolares e universitários. As normas podem ser consultadas neste link.

Limite para envio de trabalhos: 15 de junho de 2022.
Data de lançamento: 20 de junho de 2022.

LANÇAMENTO: REVISTA TSA3 – NOVOS JUNHOS VIRÃO

É com muito prazer que hoje lançamos a terceira edição da Revista Terra sem Amos, com o tema “Novos Junhos Virão: reflexões sobre o levante dos marginalizados de junho de 2013“. A edição conta com sete potentes estudos sobre a maior e mais potente manifestação de massas no Brasil do século XXI, que 8 anos atrás abalou a estrutura do poder no país e questionava as bases da exploração e opressão do povo. Este fenômeno, caracterizado por vezes como levante ou insurreição popular, de caráter multitudinário, inspirou e ainda inspira uma série de ações em diversos movimentos sociais e organizações políticas, em especial toda a sorte de coletivos e individualidades que reivindicam a autonomia, a independência, a horizontalidade e a ação direta como princípios estruturais.

Esta edição também é nossa manifestação pública de reivindicação de J2013 como um marco da luta popular no Brasil, do qual nós, enquanto editora radical que defende pelos livros o estabelecimento de uma nova, melhor e mais justa ordem societária, também fazemos parte.

A revista pode ser adquirida em nossa loja, através deste link, por R$15,00 ou acessada gratuitamente aqui

Colaboraram com esta edição as seguintes autoras e autores, com seus respectivos trabalhos:

2013: introdução à recusa
Guilherme Moraes de Oliveira

Capitalismo brasileiro: classes médias e classes populares nas mobilizações de 2013
Glauber Franco de Oliveira

Pensar 2013 como quem enfrenta as nuvens de gás: rotas de fuga, abrigos e possibilidades de reencontro
Leila Saraiva

A identificação e a contraidentificação nos discursos das mídias jornalísiticas nas manifestações de junho de 2013
Ciro Antonio das Mercês Carvalho

Um espectro ronda a esquerda: Junho de 2013
Patricia Kawaguchi

Megaeventos esportivos e a ascensão neofascista no Brasil pós 2013
Igor D’Icarahy

Revolução e crise pandêmica: Por que sair às ruas em meio a pandemia da covid-19?
Lucas Oliveira Alvares e Daniele Lopes Ferreira

RAÚL ZIBECHI | A IMPROVÁVEL RENOVAÇÃO DAS ESQUERDAS INSTITUCIONAIS

A onda de manifestações no Brasil nos últimos domingos, exigindo a saída do presidente Jair Bolsonaro, marca um novo palco para os setores populares organizados, que estão saindo de um extenso período de defensiva. A configuração social e política dessas mobilizações mostra mudanças profundas na realidade do país.

Segundo todas as análises e descrições disponíveis, as recentes manifestações contra o presidente são mais numerosas do que as de seus defensores, algo verdadeiramente inédito já que Bolsonaro consegue mobilizar grupos relativamente pequenos, mas muito ativos e agressivos. Em algumas cidades, como São Paulo, no domingo, dia 14, os bolsonaristas mal juntaram uma centena de pessoas em usa convocatória.

A segunda questão é que a maioria dos mobilizados no campo popular contra o racismo e o fascismo são jovens negros e, como aponta uma interessante análise do sociólogo Rudá Ricci, em cidades como Belo Horizonte havia também trabalhadores de limpeza urbana, de pequenas empresas como farmácias e padarias, e habitantes da periferia.

“Eles são jovens, vieram para as ruas porque saem todos os dias”. E eles vão continuar a sair. Há muito tempo eles enfrentam a polícia militar, em seus bairros, nas favelas, em jogos de futebol. Eles conhecem essa violência institucional desde que eram crianças”, aponta o sociólogo (https://bit.ly/2C9VI60). Deve-se acrescentar que muitas mulheres jovens estão saindo, em igualdade de condições com os homens.

A terceira questão é que os slogans são mais radicais, muitos são delineados pela primeira vez nas ruas, tornando visível a cultura negra e popular das periferias. A crítica radical ao racismo anda de mãos dadas com a denúncia do autoritarismo do governo Bolsonaro. Eles atacam o que consideram ser “racismo estrutural”, que começou na escravidão e se perpetua há cinco séculos, e não é resolvido por “cotas raciais” para admissão nas universidades.

Erguem um antirracismo que é também anticapitalista, e quando aparecem mulheres negras, anti-patriarcal. Na minha opinião, este é um ponto central do que vem acontecendo no Brasil, o que representa uma ruptura com o passado imediato, quando o setor ativo da população negra se identificou com o projeto de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT).

A quarta questão é a decisiva. O sociólogo Ricci, que não é um radical nem um autonomista, mas foi um membro ativo do PT e pesquisador do movimento sindical, diz: “O que está acontecendo com a esquerda tradicional? Como ela tem agido? Ele responde: “Com extrema covardia”. É uma esquerda desconectada do mundo real, focada nos valores da época do lulismo”.

De fato, os torcedores organizados dos times de futebol reunidos na associação ANATORG (https://anatorg.com.br) e no grupo Somos Democracia, assim como a Frente Povo Sem Medo, o MTST e a CMP (Central dos Movimentos Populares), todos identificados como esquerdistas radicais, participaram das manifestações de forma destacada.

Novas organizações de baixo também estão surgindo, como a Frente de Mobilização da Maré, o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro com 120.000 habitantes em 16 bairros, criado por jovens comunicadores populares no início da pandemia (https://bit.ly/3d5xFC2).

A esquerda institucional abandonou as ruas por causa de pequenos cálculos eleitorais, que a população negra organizada chama de “esquerda branca de classe média”, e em algumas cidades, como Belém, pediu para não acompanhar as manifestações. Uma esquerda que se limita a fazer “um jogo estético” de petições online por whatsapp, com pouca ou nenhuma prática incisiva no mundo real.

As duas conclusões mais importantes da breve análise de Ricci, que participou nos dias decisivos de junho de 2013, abordam tanto a retração dessa esquerda quanto a renovação em curso. Os cinco partidos de esquerda (PT, PCdoB, PSB, PSOL e PDT), têm um quinto dos vereadores e prefeitos no Brasil, o que ele define como “um exército político”. É daí que vem seu medo e covardia, como testemunha a história mundial da esquerda, quando é engolida pelo jogo institucional.

É por isso que a renovação da esquerda virá de baixo e, embora não exista certeza de nada, serão pessoas e coletivos “mais preparados pela vida, menos classe média, menos brancos e menos masculinos”.


Traduzido de desdeabajo.org